terça-feira, 10 de março de 2009

Rock Brasil 2

O som jovem entra em sua era industrial. Se o Rock Brasil passava uma imagem romântica e idealista, tudo iria mudar a partir de janeiro de 1985, graças a um acontecimento crucial: o Rock In Rio, 10 dias de som e luz num terreno de 300 mil metros quadrados na Barra da Tijuca, no que acabou por ser o maior concerto de rock de todos os tempos, com um público estimado em um milhão e meio de pessoas. Ao lado de 14 dos mais importantes astros internacionais da época (Queen, Iron Maiden, Rod Stewart, Ozzy Osbourne, AC/DC, Yes, Scorpions, entre outros), estavam valorosos veteranos da MPB e a nova rapaziada: Blitz, Barão Vermelho, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso e Kid Abelha. No maior palco de suas iniciantes carreiras, as bandas não titubearam. O resultado foi que o rock entrou na ordem do dia (para a mídia e as gravadoras), o Brasil na rota das turnês das bandas internacionais e os nossos roqueiros tiveram noções de profissionalismo e de espetáculo muito úteis para quando fossem percorrer o país com seus shows. Auto-estima em alta, a juventude que viu as novas bandas brasileiras fazerem bonito ao lado dos ídolos estrangeiros, ainda presenciou, em meio ao festival, a eleição de Tancredo Neves como o primeiro presidente civil no Brasil desde o golpe militar de 1964. Findava uma era. O Rock Brasil que emergiu naquela ano de 1985 apresentou-se ousado, contestador, multifacetado e geograficamente disperso. De São Paulo vieram dois dos maiores êxitos comerciais do ano. Um deles, o álbum Nós Vamos Invadir Sua Praia, do Ultraje a Rigor, banda que havia causado algum burburinho com a música Inútil, tocada pelos Paralamas no Rock In Rio e citada pelo presidente do PMDB, o Senhor Diretas Ulysses Guimarães. No disco, estavam as músicas Ciúme, Eu Me Amo, Rebelde Sem Causa e Mim Quer Tocar, todas sucessos de rádio. O outro nome foi o RPM, que, embalado pelo estouro da música Louras Geladas, lançou seu LP de estréia Revoluções Por Minuto. Com Louras e as músicas Olhar 43, Rádio Pirata e Revoluções Por Minuto obtendo excelentes taxas de execução nas rádios, a banda liderada pelo vocalista e baixista Paulo Ricardo (o primeiro sex symbol masculino do Rock Brasil dos 80) e orientada pelo empresário Manoel Poladian resolveu partir para um superprodução: o show Rádio Pirata, dirigido por Ney Matogrosso. Ascensão e queda Nunca se havia visto algo como aquilo no Brasil: efeitos de raio laser, gelo seco, sofisticado equipamento de som e a explosão de sensualidade de Paulo Ricardo. O show correu o Brasil, aumentando brutalmente a popularidade do grupo, que se viu forçado pela gravadora a embarcar num disco ao vivo, com a versão de London, London (Caetano Veloso) que já começava a ser tocada nas rádios. Lançado em 1986, Rádio Pirata Ao Vivo, um disco do Rock Brasil, tornou-se o recordista de vendas – de qualquer gênero – no Brasil: 2,2 milhões de cópias. Em pouco tempo, vergado pela pressão de ser uma sensação nacional, pelas disputas internas e pelo abuso no consumo de drogas, o RPM ainda gravou mais um LP (RPM, 1987, de vendagem decepcionante em relação ao do disco anterior) e acabou, sem muito barulho, em 1989. No mesmo mês do Rock In Rio, uma banda de Brasília estaria lançando seu primeiro disco – um disco que marcaria a história do Rock Brasil. Legião Urbana apresentava ao país a poética de Renato Russo (oriundo da banda punk Aborto Elétrico), em letras nas quais a realidade dos "Filhos da Revolução" (termo empregado na música Geração Coca-Cola), estava expressa em seus anseios, medos e reivindicações. Conhecida anteriormente pela música Química (gravada pelos amigos Paralamas em Cinema Mudo), a Legião ganhou o público com aquele disco de músicas cheias de energia roqueira e sentimento à flor da pele, como Será, Ainda É Cedo e Soldados. Era a primeira das bandas de Brasília influenciadas pelo punk rock, que viriam tomar de assalto a mídia: outras como Capital Inicial, Plebe Rude, Finis Africae e Detrito Federal logo chegariam. Também de origem punk e também deslocada do eixo Rio-São Paulo, o Camisa de Vênus, cáustica turma de baianos liderada pelo vocalista Marcelo Nova, apareceria em 1985. Depois de um LP sem grande repercussão nacional, eles conseguiram enfim estourar naquele ano com Eu Não Matei Joana D’Arc, do LP Batalhões de Estranhos. Em pouco tempo, o país conheceria outras músicas suas como Bete Morreu e O Adventista. Em São Paulo, os ecos do punk seriam responsáveis por uma outra banda de relevância a vir à luz em 1985, com o disco de estréia Mudança de Comportamento: o Ira!, do guitarrista Edgard Scandurra e o vocalista Nasi. Enquanto isso, o underground paulista fervilhava, com bandas que investiram em trabalhos inspirados no pop-rock inglês de vanguarda e podiam ser encontrados mais nas páginas de jornais e revistas que nas rádios: Muzak, Akira S & As Garotas Que Erraram, Chance e Ness (reunidos na coletânea Não São Paulo), Mercenárias e Smack (Edgard Scandurra tocava nas duas), Fellini e Voluntários da Pátria. O selo independente Baratos Afins, de Luiz Calanca, lançava os discos de toda essa rapaziada, antecipando em pelo menos dez anos a realidade dos pequenos selos que ajudaram a fazer do rock alternativo um fenômeno. Em contraponto, o Rio de Janeiro ficava famoso em 1985 por mais um álbum de grande rotação nas rádios, com músicas que remetiam ao rock dos anos 50 e à Jovem Guarda: Sessão da Tarde, de Léo Jaime. O Kid Abelha saíria com seu segundo LP, Educação Sentimental e, no fim do ano, o ex-Barão Vermelho Cazuza, com o seu primeiro álbum solo, Exagerado. Chegam os gaúchos Para o Rock Brasil, 1986 foi um ano de consolidação artística e fartura de lançamentos: a explosão de consumo proporcionada pelo Plano Cruzado fez a festa das gravadoras, que começaram a contratar qualquer banda que cheirasse a rock. Uma coletânea – Rock Grande do Sul, só de bandas de Porto Alegre – revelou, com as músicas Sopa de Letrinhas e Segurança, uma banda que daria muito o que falar: os Engenheiros do Hawaii, que no mesmo ano lançariam o seu primeiro LP, ironicamente intitulado Longe Demais das Capitais. Na mesma coletânea estavam os Replicantes, banda de inspiração punk-hardcore, que graças música Surfista Calhorda também ganhou seu LP: O Futuro É Vortex. Também estrearam naquele ano em álbum (ou Mini LP) os cariocas do Biquini Cavadão (Cidades em Torrente), a Plebe Rude (com o demolidor O Concreto Já Rachou), o Capital Inicial (Capital Inicial) e os Inocentes (com Pânico em SP, primeiro disco do punk brasileiro a ser lançado por uma grande gravadora). Três, porém, seriam os discos do Rock Brasil a arrebatar a atenção de público e crítica por sua força e novidade. Com Selvagem, os Paralamas do Sucesso fizeram uma ambiciosa conexão Brasil-Jamaica-Inglaterra-África via música negra. As músicas Alagados, A Novidade (letra de Gilberto Gil) e Melô do Marinheiro apresentaram uma banda madura e decidida a fazer carreira. Já em Dois, a Legião Urbana revelou-se mais lírica e acústica, em faixas que fizeram a história da banda: Tempo Perdido, Índios, Eduardo e Mônica, Quase Sem Querer e Andrea Doria. Por fim, com Cabeça Dinossauro, os Titãs deram sua guinada punk, num lance que parecia arriscado, mas que lhes garantiu credibilidade roqueira e grande retorno comercial. Músicas como Polícia, Igreja, Bichos Escrotos, Homem Primata e AA UU foram grandes sucessos. A boa fase do Rock Brasil entraria por 1987, com a explosão de Lobão (no LP Vida Bandida) e mais um punhado de LPs que entrariam para a história do movimento, como A Revolta dos Dândis (a obra-prima dos Engenheiros do Hawaii), Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (Titãs), Que País É Este – 1978/1987 (Legião Urbana) e Sexo! (Ultraje a Rigor). Uma surpresa foi o aparecimento do carioca Fausto Fawcett e seus Robôs Efêmeros com o rap Kátia Flávia (a Godiva do Irajá, da "calcinha exocet"), sucesso nos rádios, que levou à gravação de um álbum naquele mesmo ano. Outra surpresa foi o selo Plug, da gravadora RCA, que apostou em LPs de novíssimos nomes do Rock Brasil que não estivessem fazendo nada parecido com as outras bandas. Estrearam na etiqueta os cariocas do Picassos Falsos (de Carne e Osso) e Hojerizah (de Pros que Estão em Casa), os gaúchos Defalla e TNT, o paulistano Violeta de Outono, entre outros. Apesar das reconhecidas qualidade e inovação, poucas bandas do Plug passaram do segundo LP. Das raras exceções, temos a banda gaúcha Nenhum de Nós, que virou sensação por causa da música Camila, Camila, e que em 1989 seria responsável por um dos grandes hits do ano: O Astronauta de Mármore, versão de Starman, música de David Bowie. Tempos difíceis De 1988 em diante, o Rock Brasil experimenta um refluxo, com uma dificuldade cada vez maior das bandas de recuperar os níveis de vendagem e execução. Discos clássicos continuam a ser lançados, porém: caso de Ideologia, em que Cazuza, já infectado pela Aids, começa a refletir sobre sua própria condição (Ideologia, Boas Novas) e sobre o país (Brasil). Também em 88, aos 16 anos de idade, Ed Motta chegou com pinta de veterano, injetando funk e soul no Rock Brasil, no disco de estréia com a banda Conexão Japeri. A Legião Urbana, que experimentou um sucesso estrondoso aquele ano com a música Faroeste Caboclo, viu o reverso da moeda no dia 18 de junho, em show no Estádio Mané Garrincha, na cidade onde a banda nasceu, Brasília: confusão total, com Renato Russo sendo atacado no palco por um doente mental e a polícia descendo o pau sobre a platéia, que saiu do show (interrompido) fazendo balbúrdia pela cidade. Saldo: 385 feridos, 60 presos e 64 ônibus depredados. O incidente bateu fundo na Legião. Sem o baixista Negrete, que pediu as contas, a banda finalizou seu quarto e mais bem-sucedido LP: As Quatro Estações, início de uma fase onde se misturam nas letras de Renato a busca da afirmação da homossexualidade e as preocupações religiosas. Pais e Filhos, Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto, Meninos e Meninas e Monte Castelo fizeram deste disco o último grande sucesso de vendagens do Rock Brasil em um bom tempo (e o maior da Legião). No show carioca de As Quatro Estações (que acabou com guerra de areia da platéia), em 7 de julho de 1989, o clima foi de luto: Cazuza (a quem Renato havia dedicado Feedback Song For a Dying Friend) havia morrido. Meses depois, morreria Raul Seixas – pobre, doente e sem reconhecimento. O Rock Brasil encerrava mais uma era. No começo da década de 90, ao mesmo tempo em que a crise econômica levava Paralamas e Titãs a vendagens de discos decepcionantes, uma banda de Minas Gerais, gestada no circuito subterrâneo do Rock Brasil, tornava-se uma potência mundial do heavy metal (e o nome do mais popular do rock brasileiro no exterior): o Sepultura, que assinou com a gravadora holandesa Roadrunner e lançou os bem-sucedidos Beneath The Remains (1989) e Arise (1991). Pouco antes de lançar Arise, a banda foi atração do segundo Rock In Rio, realizado no Maracanã, que teve como grande estrelas Prince, Guns’n’Roses, George Michael, Faith No More e Judas Priest, e um escrete nacional do qual também fizeram parte Titãs, Engenheiros, Lobão (que abandonou o palco por ter sido hostilizado pelos fãs do Sepultura), Paulo Ricardo, Hanoi Hanoi, o folclórico roqueiro Sergei, Vid & Sangue Azul, Nenhum de Nós, Capital Inicial, Ed Motta e astros da MPB. No mesmo ano, surgiram, com a música Falar a Verdade, os cariocas do Cidade Negra: uma banda de reggae, o ritmo antecipado por Gil e pelos Paralamas, que daria o tom do pop na década. Pretensões internacionais Naquele ínicio de anos 90, aumentava significativamente a circulação de informações sobre música (em 1990, a MTV estreava no Brasil com fartura de videoclipes internacionais), mas não a vontade do Rock Brasil de inovar. O começo da década coincide com a febre dos grupos cover e dos que, em busca de uma chance no exterior (a exemplo do Sepultura), se limitam a cantar em inglês músicas de gêneros cristalizados no exterior, como o heavy metal (Viper, Dorsal Atlântica, Korzus), o rock ruidoso e melódico de inspiração inglesa (Beach Lizards, Second Come, Dash, Killing Chainsaw) e o punk (Anarchy Solid Sound). Exceção nessa seara foram os Ratos de Porão, cada vez mais populares no mercado underground cantando em (incompreensível) português. Mas nem mesmo eles resistiram à tentação, gravando em 1994 o LP Another Crime In Massacreland, recheado de músicas em inglês, mas com o clássico Suposicollor, que versa sobra as vias nada convencionais que certo ex-presidente era acusado de ter usado para consumir cocaína. As coisas começaram a mudar, porém em 1992, num processo que coincide com a renúncia de Collor em meio a denúncias de corrupção que levaram os estudantes a pintar os rostos e ir para as ruas em protestos. Formado em Belo Horizonte em 1991, a banda de reggae Skank (que fazia bailes pela cidade, cantando algumas de suas músicas, todas em português), resolveu deixar de esperar por uma grande gravadora e entrou em estúdio para gravar, às próprias custas, o seu primeiro disco. Numa época em que essas produções independentes primavam pelo amadorismo ou pelo diletantismo, saiu em 1992 Skank, disco com alto grau de profissionalismo e grande apelo pop, que logo chamou a atenção da gravadora Sony, que o relançou sem mexer em nada da gravação. As músicas Indignação e O Homem Que Sabia Demais tiveram relativo sucesso em rádio em 1993, abrindo as portas para uma nova geração. Enquanto isso, em Recife, começava a se destacar uma cena, chamada de mangue beat, de bandas como Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A , que pegavam ritmos tradicionais como o maracatu e o misturavam com a música pop de vanguarda. Ainda em 1993, aparecia no Rio de Janeiro, com a música Tô Feliz, Matei o Presidente (dirigida a Collor), Gabriel o Pensador, garoto que transformaria o rap brasileiro em um gênero comercial. Na mesma época, os Titãs vieram com a idéia de um selo, dentro da gravadora WEA, para gravar discos de bandas novas. Era o Banguela, que lançou o primeiro disco do Mundo Livre e o de uma banda de Brasília, que parecia a mistura do punk-rock dos americanos Ramones com o baião de duplo sentido, no estilo dos de Genival Lacerda. Graças a um exaustivo trabalho de shows, Raimundos (que saiu em 1994) furou o bloqueio das rádios com as músicas Puteiro em João Pessoa e Selim, bateu respeitáveis níveis de vendagem (mais de 100 mil cópias) e abriu o caminho para aquela que seria a mais popular banda de rock brasileiro dos anos 90. Outro peso pesado do rock que apareceu nesse meio dos anos 90 foi a banda carioca Planet Hemp, liderada por dois rappers (Marcelo D2 e BNegão), com o disco Usuário, polêmico por sua defesa da maconha. Junto com os Raimundos, eles forçaram a abertura das rádios para o rock mais pesado, com letras sobre sexo e drogas repletas de palavrões. Recorde comercial Na área do pop, porém, quem mostrou sua força comercial foi o Skank, que entrou 1995 com seu segundo disco, Calango, batendo a marca de 1,2 milhão de cópias vendidas, puxadas por uma fileira de sucessos: Te Ver, Jackie Tequila, Pacato Cidadão, Esmola, Amolação e a versão do sucesso de Roberto Carlos na Jovem Guarda É Proibido Fumar. Melhor ainda fez o disco O Samba Poconé, de 1996. Com o estrondoso sucesso da faixa Garota Nacional (que se estendeu para outros países do Mercosul) e o não tão grande de outras como É Uma Partida de Futebol, ele fechou com 1,8 milhão de cópias vendidas. O recorde comercial dessa fase do Rock Brasil, porém, foi a do disco de estréia de uma banda formada por irreverentes e humildes jovens da cidade de Guarulhos, em São Paulo. Eram os Mamonas Assassinas, que conseguiram chamar a atenção de uma grande gravadora com músicas escrachadas como Vira, Vira, Pelados em Santos, Chopis Centis, Robocop Gay, Bois Don’t Cry, Sabão Crá Crá, que lembravam as sátiras de bandas como o Língua de Trapo e o cantor Falcão, e cresciam no palco e na TV graças ao histrionismo e o carisma do vocalista Dinho. Lançado em maio de 1995, Mamonas Assassinas logo ganhou o amor do público infantil (e o ódio dos pais), terminando por vender a impressionante quantidade de 2,6 milhões de discos. Mas, num lance trágico, os Mamonas também se tornaram recordistas em brevidade de carreira: em 2 de março de 1996, os cinco integrantes da banda morreram quando o avião onde viajavam se chocou com a Serra da Cantareira, em São Paulo. Não seriam as únicas perdas que se abateriam sobre o Rock Brasil nos anos 90: em 1994, a persistente rádio rock Fluminense, mãe de boa parte das bandas dos 80, encerraria suas atividades. Em outubro de 1996, Renato Russo morreria de Aids, dias após a Legião lançar o triste álbum A Tempestade. Em novembro, o Circo Voador seria fechado, após a discussão de João Gordo, dos Ratos de Porão, com a comitiva do prefeito eleito do Rio de Janeiro, que chegava ao local para comemorar o resultado nas urnas. Em dezembro, o vocalista e guitarrista do Sepultura, Max Cavalera, deixaria a banda em seu auge, com o mundialmente aclamado disco Roots (1995), que misturou o mais cascudo thrash metal com as percussões baiana (de Carlinhos Brown) e indígena (dos Xavantes). A banda seguiu sem Max, que montou o projeto Soulfly – mas nenhum dos dois repetiu o êxito do Sepultura nos bons tempos. Por fim, no Carnaval de 1997, chegaria a vez de Chico Science morrer num acidente de carro, em Recife. Meses antes, a Nação Zumbi havia lançado sua obra-prima (o disco Afrociberdelia) e tinha feito até uma turnê européia ao lado dos Paralamas do Sucesso. Os (a essa altura) veteranos nomes do Rock Brasil também brilharam com mais ou menos intensidade ao longo dos anos 90. Lulu Santos voltou ao grande sucesso, na fase dance dos LPs Assim Caminha a Humanidade (94) e Eu e Memê, Memê e Eu (1995, com o produtor Marcelo Memê Mansur). Mais bem-sucedido dos ex-integrantes da Blitz, Fernanda Abreu ressurgiu como uma espécie de primeira dama do funk-disco com os discos SLA Radical Dance Disco Club (1990), SLA – Be Sample (1992, do sucesso Rio 40 Graus) e Da Lata (1995, de sucessos como Veneno da Lata e Garota Sangue Bom). Quem também engatilhou uma bem-sucedida (mais artística do que comercialmente) carreira solo foi o ex-Titãs Arnaldo Antunes, que estreou com o LP Nomes (1994). Depois de um disco de propostas mais experimentais, Severino (1994), os Paralamas retomaram o sucesso com o disco ao vivo Vamo Batê Lata (1995, que veio com quatro músicas inéditas de bônus). As vendagens também cresceram com outro ao vivo, o Acústico (1999). A revisão acústica dos sucessos de carreira foi um expediente também rendeu aos Titãs uma grande surpresa, em 1997: Acústico MTV foi o seu disco de melhor resultado comercial, vendendo mais de um milhão de cópias. A seqüência, Volume 2 (1998) e As Dez Mais (1999, só de versões) repetiram em parte o sucesso. Kid Abelha e Barão Vermelho também experimentaram uma volta às boas vendagens, respectivamente com os discos Meu Mundo Gira em Torno de Você e Álbum (este de versões), lançados em 1996. A um passo da MPB A aproximação feita por Chico Science e Raimundos com a música brasileira mais tradicional deu margem para que uma série de artistas na fronteira entre o pop-rock (a novidade sonora) e a MPB (a tradição, a qualidade das letras) chegassem à mídia: vieram os cariocas Paulinho Moska (ex-Inimigos do Rei, banda de rock que apareceu em 1989 e teve apenas dois sucessos: Uma Barata Chamada Kafka e Adelaide) e Pedro Luís (com sua banda de percussões, A Parede), o pernambucano Lenine, o paraibano Chico César e o maranhense Zeca Baleiro (do disco Vô Imbolá, de 1999). Minas Gerais, por sua vez, reforçava o pop com duas bandas de sucesso no fim dos 90: o Jota Quest (da música Fácil) e o Pato Fu, da doce vocalista Fernanda Takai, que só estourou a partir do quarto LP, Televisão de Cachorro (1998). A banda carioca Rappa (de fusão rock-reggae-funk-samba) também experimentou um grande crescimento, a partir do seu segundo disco, Rappa Mundi (1996), tornando-se sucesso de rádio e palcos graças a músicas como A Feira e a versão de Hey Joe. Uma grande surpresa, porém, veio de São Paulo: o rap de denúncia social dos Racionais MCs conquistou o país com a música Diário de um Detento e levou o LP Sobrevivendo no Inferno (1998) a vender mais de um milhão de cópias. Os anos 90 terminaram com a ressurgência do rock na mídia, provocada pelo sucesso de bandas como a santista Charlie Brown Jr. e os Raimundos, dois dos maiores sucessos de vendagem de 1999, respectivamente com Preço Curto... Prazo Longo e Só No Forévis (uma inspirada crítica aos grupos de samba que vinham obtendo grande sucesso comercial com trabalhos artisticamente pífios). Outras bandas seguiram nesse vácuo, caso dos novatos Los Hermanos (que não saíram das rádios em 1999 com a música Anna Júlia), Penélope e Autoramas, e dos veteranos Ultraje a Rigor, Capital Inicial e Plebe Rude, que inesperadamente voltaram ao circo da mídia. Enquanto isso, Lobão corria por fora, lançando por seu próprio selo, Universo Paralelo, o elogiado disco A Vida é Doce, num esquema inédito de venda em bancas e na Internet.

domingo, 1 de março de 2009

Rock Brasil 1

A história do rock no Brasil deu muitas voltas desde o seu começo oficial, no dia 24 de outubro de 1955, quando foi lançada, na voz de Nora Ney, a música Ronda das Horas. Era uma versão em ritmo de fox para Rock Around the Clock, um dos primeiro sucessos do rock’n’roll, escrito por Max C. Freedman e Jimmy Knight e gravado por Bill Haley & His Comets. Depois desse inusitado disco inaugural, os brasileiros viram aquela subversiva novidade americana ser assimilada pelos compositores nacionais (em 1957, Cauby Peixoto gravou o primeiro exemplar nacional, Rock and Roll em Copacabana, de Miguel Gustavo), gerar seus primeiros ídolos tupiniquins (Cely Campello, de Estúpido Cupido e Banho de Lua, e Sérgio Murilo, de Broto Legal), ensaiar suas primeiras apologias ao mau comportamento (em Rua Augusta, com Ronnie Cord, ou melhor, Ronaldo Cordovil) e inspirar o primeiro movimento de afirmação da cultura jovem brasileira – a Jovem Guarda de Roberto e Erasmo Carlos, com sua rebeldia cuidadosamente calculada. Com esse impulso, as guitarras elétricas passaram a dar o tom para a farra da garotada, misturando-se sem problemas, a partir da Tropicália (1967), com os mais tradicionais gêneros da música brasileira. Cara de bandido Passada a revolução promovida por Caetano, Gil e os Mutantes, o rock adquiriu uma posição marginal no cenário da música brasileira. A emergência da MPB, o clima pesado da repressão política, o auge do desbunde, tudo isso colaborou nos anos 70 para que, como bem observou Rita Lee certa vez, o roqueiro brasileiro tivesse cara de bandido. Mas, apesar de nenhum movimento ter se configurado a partir do rock nessa época, os valores individuais garantiram que a década estivesse longe de ser perdida. Um dos maiores ídolos roqueiros surgiu nessa época: o baiano Raul Seixas, misturando Elvis, Luiz Gonzaga, esoterismo e pura provocação (com ou sem o parceiro Paulo Coelho) em músicas como Gita, Ouro de Tolo, Metamorfose Ambulante e Maluco Beleza. Egressa dos Mutantes, Rita Lee turbinou seu som com a banda Tutti Frutti e virou a grande dama do rock brasileiro a partir do disco Fruto Proibido (1975). Os Novos Baianos (de Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Baby Consuelo) levaram adiante as idéias de fusão da Tropicália, assim como o pernambucano Alceu Valença, pai do forrock. Já os Secos & Molhados adaptaram o glitter rock de David Bowie à música folclórica de diversas procedências, criando um sucesso nunca antes visto (o disco de estréia, em 1973, que trazia a canção O Vira transformou-os em recordistas de vendas). De quebra, a banda revelou um dos grandes intérpretes da MPB: o camaleônico vocalista Ney Matogrosso. Na segunda metade da década, as obstinadas bandas que insistiam em fazer rock no Brasil geralmente tendiam para o hard (O Peso, Made In Brazil, a Patrulha do Espaço de Arnaldo Baptista, Bixo da Seda, A Bolha), ou para o progressivo (O Terço, Som Nosso de Cada Dia, os velhos Mutantes – então capitaneados pelo guitarrista Sérgio Dias –, Moto Perpétuo, Casa das Máquinas, Módulo, Som Imaginário, Veludo Elétrico, Vímana, Terreno Baldio). Mas ainda havia ainda o rock rural de Sá, Rodrix & Guarabira, o pré-punk do Joelho de Porco e as experimentações inclassificáveis de Tom Zé e Walter Franco. Era toda uma força roqueira que seria dizimada a partir de 1977, com a massificação nas rádios brasileiras do fenômeno da discoteque – que passou como um rolo compressor, já que fazer dançar não era lá uma das grandes qualidades do rock daquela época. Rita Lee foi um dos que embarcaram na onda disco, dando início à sua fase Banho de Espuma. Por uma nova linguagem O começo da década de 80 não foi nada propício para o rock. Reinava a MPB de FM e, apesar da relativa abertura política, a sombra da repressão e a censura ainda desanimavam os que tentavam ser tematicamente ousados. O "som jovem" possível na época era o pop-rock de artistas como Guilherme Arantes (ex-Moto Perpétuo), Marina, Ney Matogrosso, Angela Rô Rô, 14 Bis (dos ex-Terço Flávio Venturini e Magrão), Beto Guedes, Eduardo Dusek (que apareceu no Festival MPB-80, vestido de anjo, para defender a apocalíptica Nostradamus), Baby Consuelo, Pepeu Gomes, A Cor do Som e Rádio Táxi (banda do ex-Made In Brazil Wander Taffo e do ex-Tutti Fruti Lee Marcucci, que teve o sucesso Garota Dourada). A garotada, porém, exigia uma nova

linguagem musical, em que os seus temas básicos (amor, diversão, trabalho, família) fossem tratados de forma mais clara e despojada. Com o rock básico e os cabelos curtos e espetados da new wave (que substituía na Inglaterra e nos Estados Unidos o rebuscamento e o peso dos cabeludos), a renovação do Rock Brasil começa a se processar logo no início da década. Antenado com aquelas novas tendências, o jornalista e discotecário Júlio Barroso fundou a banda Gang 90, que trazia no seu bojo as Absurdetes (ou seja, as vocalistas Alice Pink Pank, May East, Lonita Renaux e Luísa Maria). O estouro se deu no Festival MPB Shell de 1981, quando apresentaram o reggae Perdidos na Selva, cuja letra falava de um improvável acidente de avião com final feliz e reproduzia a linguagem e as referências dos filmes B e das histórias em quadrinhos. Era só uma mostra do que estaria por vir no ano seguinte, aquele em que o rock enfim configuraria um movimento cultural no Brasil. Assim como a Gang 90, os atores do grupo teatral carioca Asdrúbal Trouxe o Trombone experimentavam um enfado com a caduquice e o excesso de seriedade da música brasileira. Numa temporada dividida com Marina no Teatro Ipanema, em idos de 1981, o asbrúbal Evandro Mesquita e o baterista Lobão (ex-Vímana) tiveram a idéia de montar uma banda de rock teatral. Deste último, veio o nome: Blitz, já que eles estavam sempre sendo parados nas batidas policiais. Juntando a irreverência praieira do Asdrúbal a um rock direto, cantado por uma dupla de meninas bonitas (Márcia Bulcão e Fernanda Abreu), a banda caiu como uma luva no espaço para shows que abriu em pleno verão de 1982 na praia do Arpoador: o Circo Voador. Com Ricardo Barreto (guitarra), Antônio Pedro (ex-Mutantes, baixo) e William Forghieri (ex-Gang 90, teclados), a Blitz causou tanto burburinho na noite carioca que conseguiu um contrato para gravar um compacto – o de Você Não Soube Me Amar, história de um desencontro amoroso, cantada (quer dizer, mais falada que cantada) na linguagem malandra dos jovens da Zona Sul carioca. Fenômeno nacional Lançado em junho, o compacto (que no lado B, trazia apenas Evandro dizendo "Nada, nada, nada...") vendeu 100 mil cópias em três meses. Lançado em setembro, o primeiro LP da banda, As Aventuras da Blitz, que trazia ainda as músicas Mais Uma de Amor (Geme Geme) e De Manhã (Aventuras Submarinas) , transformou a banda num fenômeno nacional. Mais dois discos (Radioatividade, 1983, e Blitz 3, 1984), centenas de shows, um punhado de sucessos (Weekend, Bete Frígida, Egotrip) e a banda terminava em 1986. Voltaria, anos mais tarde, sem Fernanda Abreu, para repetir os sucessos. Pouco depois do lançamento de As Aventuras da Blitz, Lobão saltou do barco e conseguiu uma gravadora para lançar seu disco solo, Cena de Cinema, que havia sido feito um ano antes, com os amigos (Marina e músicos da Blitz, inclusive). Começava aí uma carreira das mais importantes do Rock Brasil, de um artista sempre inconformista, que gravou discos clássicos como Ronaldo Foi Pra Guerra, O Rock Errou, Vida Bandida (que refletiu suas experiências no mês em que esteve preso na Polinter por porte de droga) e músicas mais ainda – Me Chama (regravada por Marina e ninguém menos que João Gilberto), Corações Psicodélicos, Revanche, Vida Bandida, Chorando no Campo e Essa Noite Não. Em 1982, ainda apareceriam mais autores de alta relevância no Rock Brasil. Passada a fase Nostradamus, Eduardo Dusek embarcou em uma viagem rock, no disco Cantando no Banheiro, gravado com uma banda carioca que seguia o estilo de rock dos anos 50, com muito bom humor: João Penca & Seus Miquinhos Amestrados. Entre seus integrantes, havia um irreverente goiano com uma mão muito boa para a composição: Léo Jaime, que escreveu o grande sucesso de Cantando, o Rock da Cachorra. Os Miquinhos seguiriam depois sem Dusek e sem Léo, que iniciou uma carreira solo repleta de sucessos, como Sônia, O Pobre e As Sete Vampiras. No mesmo ano ainda se viu a estréia em LPs do ex-Vímana Lulu Santos (que estourou a faixa-título, Tempos Modernos) e do Barão Vermelho (que passou em branco), além do nascimento, em Niterói, da Rádio Fluminense, grande divulgadora das fitas demo e discos das novas bandas de rock. Paralelamente, explodia em São Paulo o movimento punk, no festival O Começo do Fim do Mundo, com bandas furiosas como Inocentes, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco. Em 1983, o rock não era mais um estranho no ninho da música brasileira, conquistando generosos espaços na imprensa e levando as gravadoras a perder seu medo de contratar bandas. A gravação de Ney Matogrosso para Pro Dia Nascer Feliz apresentaria ao país o Barão Vermelho e sua promissora dupla de compositores: Roberto Frejat e Cazuza, o poeta exagerado. O LP Rock Voador (resultado da dobradinha Circo Voador-Rádio Fluminese) revelou o Kid Abelha e Suas Abóboras Selvagens e o guitarrista de blues-rock Celso Blues Boy. Uma das bandas que tinha sua fita demo executadas na Fluminense, o Paralamas do Sucesso, gravou seu primeiro compacto: Vital e Sua Moto/Patrulha Noturna, cujo relativo sucesso levou, no fim do ano, ao primeiro LP, Patrulha Noturna. Modernidade e romantismo Mas quem arrebentaria a boca do balão naquele ano seria um outro ex-Vímana também metido a fazer discos-solo: o inglês Richard Court, o Ritchie. Sua música, Menina Veneno, um elegante tecnopop puxado por modernos teclados, vendeu mais de 800 mil cópias, um sucesso sem precedentes para o Rock Brasil. Em pouco tempo, essa espécie de Bryan Ferry em português chegaria ao LP (Vôo de Coração) que, catapultado por sucessos como Casanova e A Vida Tem Dessas Coisas, chegou ao milhão de cópias vendidas, batendo até o grande vendedor de discos da gravadora, Roberto Carlos. O Rock Brasil conquistava o respeito comercial e gerava, como contrapeso, uma série de produtos descartáveis, hoje objeto de culto por colecionadores mais fanáticos, como o Absyntho (do Ursinho Blau Blau), Grafite (Mamma Maria) e Bom Bom (Vamos A La Playa). Fenômeno até então predominantemente carioca (afinal, era no Rio que estavam as sedes das grandes gravadoras e a atenção da mídia nacional), o rock começa a fervilhar também em São Paulo naquele 1983. A cidade que era sacudida simultaneamente pelos punks e pelo movimento de vanguarda musical (de Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Rumo, Premeditando o Breque e Língua de Trapo), revelou mais uma das grandes bandas do Rock Brasil: Os Titãs (ex-Titãs do Iê-Iê), um octeto que tinha uma aproximação new wave-tropicalista do rock e ganhava cada vez mais popularidade com seus shows escalafobéticos. Era a ponta-de-lança de um rock paulistano, de nomes como o Magazine (do sucesso Eu Sou Boy), o pós-punk Ira! e o irreverente Ultraje a Rigor. Gravado num estúdio de jingles, o primeiro e homônimo LP dos Titãs, com as músicas Sonífera Ilha, Babi Índio, Marvin e Go Back (música sobre poema do tropicalista Torquato Neto) saiu em 1984, um ano repleto de grandes lançamentos do Rock Brasil. A começar por Seu Espião, estréia do Kid Abelha (da vocalista e Sex Symbol Paula Toller), que trazia Pintura Íntima estourada em compacto, junto a Como Eu Quero, Fixação, Alice (Não Me Escreva Aquela Carta de Amor) e Nada Tanto Assim – esse LP vendeu mais de 150 mil cópias. Outro LP lançado em 1984 que arrebentou as portas da mídia foi O Passo do Lui, segundo dos Paralamas do Sucesso, que trouxe uma série de músicas que virariam hits, como Óculos, Meu Erro, Ska, Me Liga e Mensagem de Amor. Paralamas e Kid surfaram a crista das ondas de rádio naquele ano, que ainda teve discos como Tudo Azul (Lulu Santos), Ronaldo Foi Pra Guerra (Lobão e Os Ronaldos), Maior Abandonado (último disco do Barão Vermelho com Cazuza) e Phodas "C" (Léo Jaime). As bandas e artistas cada vez mais se tornavam íntimos dos programas televisivos de auditório. Ao mesmo tempo, o cinema detectava e esquadrinhava o fenômeno do Rock Brasil com o filme Bete Balanço, de Lael Rodrigues, com música tema do Barão Vermelho.

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Como nasceu o ROCK

O rock''n'' roll nasceu da fusão de dois gêneros musicais da década de 40, que, apesar de serem populares, ocupavam segmentos marginalizados do mercado americano, então dominado por big bands e cantores como Bing Crosby e Frank Sinatra. Esses dois gêneros, vivos até hoje, são o rhythm''n'' blues (R& amp;B) e o country & western (C&W).O rhythm''n''blues tem raiz no blues, estilo de canção dos negros do sul dos EUA. O country & western vem do folclore dos britânicos que colonizaram a região e seus descendentes hillbillies (caipiras das montanhas).Desde o início do século 20, o intercâmbio entre músicos brancos e negros, a influência do swing e a acelerada modernização pop dessas tradições criou protótipos do rock''n''roll como boogie woogie e jump blues, honky tonk e hillbilly boogie. Até culminar em Bill Haley e Elvis Presley, passou-se mais de meio século.